Para que isso aconteça, é necessário que a gente esqueça, que a gente raspe o que aprendeu, muitas vezes, na Casa do Estudo onde só falam os-que-sabem-falar, é necessário que a gente se esqueça do que aprendeu, para que a gente consiga se lembrar de uma coisa de que a gente se esqueceu, para reinventá-la e significá-la como parte de nossa vida e de nossa escolha/compromisso com a educação!
A Banda
Eu gostaria, então, que nossos currículos fossem parecidos com a "Banda",
que faz todo mundo marchar sem mandar, simplesmente para falar as coisas do amor. Mas onde, nos nossos currículos, estão estas coisas do amor?
Gostaria que eles se organizassem nas linhas do prazer:
que falassem das coisas belas,
que ensinassem Física com as estrelas, pipas e bolinhas de gude,
a Química com a culinária,
a Biologia com as hortas e os aquários,
Política com o jogo de xadrez,
que houvesse a história cômica dos heróis,
as crônicas de erros dos cientistas,
e que o prazer e as técnicas fossem objeto de muita meditação e experimentação...
Enquanto a sociedade feliz não chega,
que haja pelo menos fragmentos de futuro
em que a alegria é servida como sacramento,
para que as crianças aprendam que o mundo pode ser diferente.
Que a Escola, ela mesma, seja um fragmento de futuro
Rubem Alves